Planilhas e projeções já não encantam investidores, fazendo empresas digitais que dominam marketing de performance e dados conquistarem outro patamar de valorização. Foi exatamente esse caminho que Matheus Beirão trilhou ao fundar a Queima Diária, plataforma digital de saúde e bem-estar que já faturou mais de R$ 500 milhões sem recorrer a capital externo.
Beirão liderou o crescimento da empresa com uma abordagem rara no Brasil: um modelo bootstrap, onde cada real investido era sustentado por resultados reais. “Enquanto muitos falavam de valuation e rodadas, a gente focava em CAC, LTV e churn. Sempre soubemos quanto custava um cliente, quanto ele deixava e como manter essa equação saudável por anos”, afirma.
Crescimento previsível é o novo ROI
Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), cerca de 64% dos investidores anjo e fundos de early stage consideram o modelo de marketing mais relevante que o faturamento atual na hora de analisar um negócio. Embora Beirão nunca tenha buscado captação externa, ele observa que o interesse de grandes grupos em empresas digitais está cada vez mais vinculado à solidez das estratégias de aquisição.
“Investidores ou compradores estratégicos querem enxergar tração, não promessas. Ter uma estratégia de marketing de performance, baseado em dados reais de conversão e retenção, vale mais do que qualquer projeção de crescimento”, pontua.
Cases que vendem mais que projeções
Apresentar cases de sucesso — como campanhas que geram picos de conversão, parcerias com influenciadores que resultaram em novos públicos ou a criação de um ecossistema digital próprio — tem sido decisivo na hora de despertar o interesse de potenciais compradores.
No caso da Queima Diária, a empresa também desenvolveu internamente sua estrutura tecnológica, com aplicativos para smart TVs, sistemas de pagamento e uma central de dados e analytics. Foi esse conjunto de elementos que despertou o interesse da SmartFit em 2020 em adquirir participação relevante na empresa. “O que aconteceu foi uma operação onde eles compraram parte da empresa diretamente de mim, pessoa física. Não foi um aporte na empresa, e sim uma aquisição estratégica baseada no potencial e diferencial do nosso motor de marketing”, explica Beirão.
Um novo manual para quem constrói do zero
A negociação com a SmartFit marcou uma virada no setor de infoprodutos. “Mostrou que é possível construir um negócio lucrativo e atrativo para grandes players sem depender de capital externo, desde que se tenha um sistema de crescimento auto sustentável e baseado em dados”, destaca Beirão, que hoje atua como advisor e investidor em empresas interessadas em escalar com eficiência.
Para empreendedores que constroem negócios no modelo bootstrap, o recado é claro: o marketing de performance bem executado, aliado a dados e consistência, pode ser melhor para o negócio do que qualquer rodada de investimento.