Você está numa praia maravilhosa. O som das ondas, o sol batendo no rosto, um drink gelado ao lado. Tudo perfeito. Até que o notebook apita. Você confere e lá está: um e-mail urgente. O que fazer? Deixar para depois ou responder ali mesmo, entre um gole e outro? Bem-vindo ao conceito de workcation.
A palavra vem da junção de “work” (trabalho) e “vacation” (férias). Ou seja, uma viagem onde se mistura descanso e produtividade. Não é exatamente um home office, mas também não é um período de folga total.
A popularidade do conceito cresceu com o avanço do trabalho remoto. Empresas perceberam que muitas funções podem ser desempenhadas em qualquer lugar do mundo. Funcionários passaram a testar novos formatos. E, assim, nasceu essa tendência.
Aqui no Brasil, a aceitação do workcation ainda é tímida. Isso porque a cultura do trabalho tradicional ainda prevalece. Muitos gestores têm dificuldade em aceitar que um funcionário pode estar num resort e, ao mesmo tempo, ser produtivo. Afinal, se não está no escritório, será que realmente está trabalhando?
Mesmo assim, há sinais de mudança. Profissionais autônomos e startups lideram esse movimento. Cidades turísticas já perceberam a oportunidade e estão investindo em infraestrutura para atrair nômades digitais. Florianópolis, por exemplo, virou um hub para esse novo estilo de vida.
Cada vez mais empresas estão adotando o modelo de workcation, permitindo que seus funcionários trabalhem de qualquer lugar do mundo. O Airbnb, por exemplo, incentiva essa flexibilidade, enquanto o Dropbox implementou o conceito de “Virtual First”, eliminando a necessidade de um escritório fixo. No Spotify, o programa “Work from Anywhere” garante total liberdade geográfica para os colaboradores. No Brasil, empresas como a Resultados Digitais também investem nesse modelo, apostando na flexibilidade como forma de melhorar a qualidade de vida dos funcionários.
Prós e contras
Os benefícios são claros. Trabalhar em um local agradável, muitas vezes cercado pela natureza, pode reduzir o estresse e melhorar a qualidade de vida. A mudança de ambiente também pode estimular a criatividade, proporcionando novas perspectivas e ideias que dificilmente surgiriam em um escritório tradicional. Além disso, a autonomia para definir a própria rotina contribui para uma produtividade mais saudável, sem a pressão de horários rígidos.
No entanto, nem tudo são vantagens. Um dos principais desafios do workcation é a dificuldade em estabelecer limites entre trabalho e lazer. Afinal, como garantir que um momento de descanso não seja interrompido por e-mails ou reuniões inesperadas? Além disso, a infraestrutura nem sempre acompanha a necessidade do profissional – nem todos os destinos contam com internet estável ou um espaço confortável para longas jornadas de trabalho.
Outro obstáculo é o preconceito ainda presente no mercado, que muitas vezes associa produtividade à presença física no escritório. E, paradoxalmente, a flexibilidade pode levar ao excesso de trabalho, já que, sem uma divisão clara entre vida profissional e pessoal, há o risco de estar sempre disponível e, consequentemente, sobrecarregado.
O workcation não é para todo mundo, mas pode ser uma alternativa interessante para aqueles que buscam mais liberdade e bem-estar sem abrir mão da performance.
A tendência está crescendo, mas ainda precisa de ajustes. As empresas precisam aprender a confiar mais nos funcionários. Os profissionais, por sua vez, devem saber equilibrar as demandas de trabalho e descanso.
Se bem aplicado, o workcation pode ser um grande avanço na forma como enxergamos o trabalho. Se mal gerenciado, pode ser só um disfarce para a cultura da hiperprodutividade.
E você? Acha que conseguiria trabalhar com os pés na areia ou prefere a disciplina do escritório?