A divulgação da chamada “Planilha dos Influencers”, que revela feedbacks sobre campanhas publicitárias de criadores de conteúdo, gerou um intenso debate sobre a relação entre marcas e influenciadores. O caso expôs não apenas a falta de transparência em algumas parcerias, mas também a necessidade de maior profissionalização no marketing de influência, um setor em rápida expansão, porém ainda carente de processos bem estruturados.
Para Adriano Santos, sócio da Tamer Comunicação, a repercussão do caso demonstra a importância de um alinhamento rigoroso entre as partes envolvidas. “O trabalho dos influenciadores transcende a simples criação de conteúdo. Eles operam dentro de um ecossistema altamente competitivo, onde a valorização da própria imagem e a construção de autoridade são fatores essenciais para a continuidade da carreira. Ao mesmo tempo, as marcas buscam retorno sobre o investimento feito nessas parcerias, o que pode gerar conflitos caso expectativas não estejam bem ajustadas desde o início”, explica.
O especialista também destaca que o mercado de influência digital ainda enfrenta dificuldades para estabelecer padrões e processos mais estruturados. “A velocidade com que novas plataformas surgem e tendências mudam torna o setor volátil. Muitos influenciadores começaram suas carreiras sem um planejamento formal, crescendo de forma orgânica. Isso faz com que questões fundamentais, como cumprimento de prazos, entregas de briefing e ajustes necessários em campanhas, sejam frequentemente negligenciadas”, afirma.
Outro ponto crítico levantado por ele é o impacto psicológico da profissão. “Existe um imaginário coletivo de que ser influenciador é sinônimo de uma vida repleta de benefícios e glamour. No entanto, a exposição constante, a necessidade de se manter relevante e a pressão por engajamento fazem com que muitos enfrentem desafios emocionais intensos, como ansiedade e depressão. Quando a fama chega antes da estruturação profissional, esses problemas se agravam ainda mais”, alerta.
A solução passa pela formalização da relação entre marcas, agências e criadores. “Ter contratos bem definidos, estabelecer expectativas realistas e manter uma comunicação contínua são passos essenciais para evitar mal-entendidos e garantir entregas eficazes. Além disso, as agências e profissionais da área desempenham um papel crucial na mediação dessas parcerias, ajudando a criar um ambiente mais profissional e sustentável para todos os envolvidos”, ressalta.
Santos ainda explica que a credibilidade de um influenciador está diretamente ligada à forma como conduz seus relacionamentos comerciais. “A audiência percebe quando há desalinhamento entre discurso e prática. Manter transparência sobre os contratos firmados, evitar associações que possam comprometer a identidade do criador e atuar de forma ética são medidas fundamentais para preservar a reputação e fortalecer sua posição no mercado”, conclui.