Os golpes sempre existiram. No passado, criminosos batiam à porta fingindo ser funcionários do banco. Hoje, usam Inteligência Artificial para enviar áudios com a voz de parentes pedindo dinheiro. A tecnologia potencializou as fraudes, tornando-as mais realistas, mas quem conhece as estratégias usadas pelos golpistas tem mais chances de escapar.
Leonardo Oda, especialista em marketing e tecnologia, alerta que a IA mudou o jogo. “Os criminosos exploram o susto e a urgência para fazer as vítimas agirem sem pensar. Por isso, a melhor forma de se proteger é saber reconhecer os sinais e adotar verificações extras antes de tomar qualquer decisão”, afirma.
Golpes de áudio e vídeo: desconfie da sua própria percepção
A clonagem de voz por IA atingiu um nível preocupante. Atualmente, criminosos precisam de poucos segundos de áudio para replicar a voz de alguém com precisão. Isso significa que uma simples mensagem de WhatsApp ou um vídeo nas redes sociais pode ser suficiente para criar áudios falsos que enganam até familiares próximos.
Para se proteger, Oda recomenda confirmar a identidade da pessoa antes de tomar qualquer atitude. Se receber um pedido de dinheiro por áudio, ligue de volta para o contato e verifique a informação. Caso a pessoa não atenda ou responda com frases vagas, como “não posso falar agora”, redobre a desconfiança. Outra medida eficaz é combinar uma palavra-chave secreta com familiares para ser usada em emergências.
Também é importante prestar atenção a detalhes que podem denunciar a fraude. Pausas incomuns, um tom de voz levemente distorcido ou um ritmo de fala mecânico são sinais de manipulação por IA.
Nos casos de vídeo, a tecnologia deepfake torna ainda mais difícil diferenciar o que é real do que foi manipulado. Movimentos labiais desalinhados com o áudio, expressões faciais artificiais, piscadas irregulares e distorções no fundo da imagem podem indicar falsificação. Além disso, a voz pode apresentar entonação incomum ou pausas robóticas.
“A melhor defesa é desconfiar, mesmo que pareça real. Golpistas usam IA para manipular emoções e criar um senso de urgência. Se algo parecer estranho, cheque antes de agir”, reforça Oda.
Bancos e empresas não pedem dados por mensagem
“Mensagens supostamente enviadas por bancos ou empresas, alertando sobre bloqueios urgentes, são outra tática comum”, alerta Oda. Com o uso da IA, golpistas conseguem criar e-mails e SMS convincentes, simulando comunicações oficiais para induzir vítimas a clicar em links fraudulentos.
Para evitar esse tipo de golpe, a orientação é nunca clicar em links recebidos por e-mail, SMS ou WhatsApp. O ideal é verificar diretamente no site oficial do banco ou entrar em contato pelo telefone que consta no cartão. Também é importante nunca compartilhar senhas ou códigos de verificação e desconfiar de mensagens alarmistas, já que criminosos exploram o medo para levar a vítima a tomar decisões precipitadas.
Promoções falsas e sorteios inexistentes
“Parabéns! Você ganhou um carro zero, só precisa pagar uma taxa para liberar.” Quem nunca recebeu uma mensagem dessas? Com a IA, esses golpes ficaram ainda mais sofisticados. Criminosos criam vídeos e áudios manipulados, usando rostos e vozes de celebridades para promover prêmios falsos, tornando a farsa ainda mais convincente.
“O primeiro passo para se proteger é lembrar que, se você não se inscreveu em nenhuma promoção, não há motivo para ganhar nada”, diz Oda. Além disso, ofertas excessivamente vantajosas devem ser vistas com desconfiança. Antes de acreditar na promessa, consulte o site oficial da empresa para verificar se a promoção realmente existe. E, em hipótese alguma, forneça dados bancários para liberar um prêmio.
Informação e cautela são a melhor defesa
Golpistas se aproveitam da desinformação e da urgência para enganar vítimas. Leonardo Oda recomenda que essas orientações sejam compartilhadas com familiares, especialmente idosos e adolescentes, que costumam ser alvos frequentes.
“A melhor forma de evitar um golpe é desacelerar. Se algo parecer estranho, pare, pense e confirme antes de tomar qualquer decisão”, conclui o especialista.